Ambiente no qual são negociados papéis após oferta primária se consolidou e atingiu maior patamar de negociação da série histórica iniciada em 2018

O ano de 2024 acabou, mas ainda há muito o que celebrar. O período foi recorde no volume de ofertas públicas de debêntures, o principal instrumento de captação de recursos das empresas no mercado de capitais brasileiro. O aumento da confiança no financiamento via títulos privados e a robustez do mercado em meio a um cenário global incerto, com desafios macroeconômicos e fiscais, faz parte de uma história em que o mercado secundário chama cada vez mais a atenção.
Esse ambiente, no qual são negociados os papéis após a oferta primária, se consolidou em 2024. Ele atingiu o maior patamar de negociação da série histórica da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), iniciada em 2018: R$ 707,6 bilhões. É uma evolução notável quando olhamos para os R$ 177,6 bilhões que o setor acumulava tão pouco tempo atrás, em 2020.
O fomento ao secundário é uma bandeira de longa data do setor, pois ele desempenha um papel fundamental no fortalecimento do mercado de capitais ao promover maior liquidez para os negócios. Afinal, quanto mais transações, maior a possibilidade de mudar de opinião sem grandes impactos, de realizar posições rápidas e de aceitar riscos diferentes. Além de atrair mais investidores ao oferecer maior flexibilidade na realocação de recursos com essa “porta de saída”, um secundário maduro e robusto também estimula novas emissões. Isso porque cria condições favoráveis de negociação dos títulos, abrindo novos espaços e trazendo perfis diferentes de investidores. É uma combinação de fatores em que todos ganham e o setor se fortalece. Quanto mais investidores, mais emissores, mais liquidez – e é isso que movimenta o mercado.
Esse movimento começou a despontar principalmente a partir de 2018, impulsionado pelo volume negociado de debêntures corporativas (sem benefício fiscal) e pela crescente popularização das debêntures incentivadas pela Lei 12.431. Com isenção de imposto de renda para pessoas físicas, a atratividade desses títulos permitiu a pulverização no mercado, atraindo um maior número de investidores e elevando, consequentemente, o volume de negociações no secundário.
De acordo com dados da Anbima, o montante das incentivadas mais do que dobrou (116% de aumento) em 2024 em relação ao ano anterior, chegando a R$ 278,4 bilhões e respondendo por 39% do total das debêntures negociadas.
Alguns fatores contribuíram para essa expansão nos últimos anos, como a redução da taxa Selic para o piso de 2% durante a pandemia, que tornou as debêntures mais atrativas para diferentes tipos de investidores, do mais básico ao mais sofisticado.
A multiplicação de plataformas digitais de investimentos também foi um passo importante na democratização do acesso a esses ativos e ao mercado financeiro como um todo, simplificando o processo de compra e venda. A liquidez crescente, impulsionada pela precificação diária de um volume cada vez maior de títulos, foi outro fator decisivo para proporcionar mais segurança aos participantes.
O cenário global adverso nos últimos anos – marcado pela pandemia e por conflitos armados, como o da Ucrânia e do Oriente Médio -, bem como os desafios domésticos, especialmente no âmbito da política fiscal, não impediram o avanço do crédito privado. Pelo contrário: reforçaram a necessidade de diversificação das carteiras e a busca por retornos mais atrativos.
Até a crise do crédito privado, com casos emblemáticos em diferentes setores, como varejo e energia, que teve impacto nas negociações no mercado primário, levou o secundário a ganhar profundidade e a ajudar a equilibrar os preços e promover a liquidez necessária aos players.
A atratividade do ambiente permanece. Com os juros em alta, a expansão do crédito privado, especialmente por meio de debêntures, oferece às empresas uma alternativa estratégica e complementar ao crédito bancário. Por meio delas, ampliam-se as possibilidades de financiamento de longo prazo e o acesso ao capital para investimentos produtivos e tantos outros.
O bom funcionamento do mercado secundário permite a avaliação dos ativos financeiros de forma mais eficiente e transparente. Além disso, possibilita uma melhor administração do risco e contribui para um mercado primário mais robusto, que canaliza os recursos da economia financeira para a economia real, impulsionando o crescimento das companhias e colaborando para o desenvolvimento sustentável do país. Em outras palavras: um mercado secundário aquecido e forte é sinônimo de economia pujante – exatamente o que vivenciamos em 2024. Estamos prontos para repetir o feito em 2025.

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