Por Daniela Amorim, Gabriel Vasconcelos e Gustavo Boldrini, do Broadcast
São Paulo, 03/12/2024 – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou o 10º maior crescimento no terceiro trimestre deste ano dentro de um ranking com 51 países compilado pela agência de classificação de risco Austin Rating.
- De acordo com o levantamento, a alta de 0,9% na atividade econômica do Brasil em relação ao segundo trimestre ficou atrás apenas dos desempenhos de Nigéria (2,4%); Filipinas (1,7%); Malásia (1,5%); Dinamarca (1,3%); Tailândia (1,2%); Lituânia (1,2%); Taiwan (1,1%); México (1,1%) e Chipre (1%).
Entre os países pesquisados, a China também experimentou uma alta do PIB de 0,9% no mesmo período, enquanto os EUA viram crescimento de 0,7%. A Alemanha avançou 0,1% na mesma base de comparação, enquanto a economia do Reino Unido cresceu 0,2%.
A economia brasileira cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na margem, praticamente em linha com a mediana das estimativas do Projeções Broadcast (0,8%). O resultado fez a atividade econômica alcançar a 13º alta trimestral consecutiva e subir a um nível recorde dentro da série histórica iniciada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O que explica a alta do PIB
Pelo lado da demanda, o desempenho foi impulsionado pelo consumo das famílias, que alcançou novo ápice no terceiro trimestre de 2024. O consumo do governo também operava no maior nível da série.
Sob a ótica da oferta, o PIB de serviços subiu a novo ápice no terceiro trimestre deste ano. Já o PIB da Indústria está 4,7% abaixo do pico alcançado no terceiro trimestre de 2013, prejudicado pela indústria de transformação, que opera em nível 14,7% aquém do pico alcançado no terceiro trimestre de 2008.
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais no IBGE, os números divulgados hoje ainda não têm influência do novo ciclo de alta na taxa básica de juros, já que a primeira alta na Selic ocorreu no final de setembro.
Como o PIB mexe com as projeções do mercado
O crescimento do PIB no terceiro trimestre é superior à projeção do boletim Macrofiscal do Ministério da Fazenda para o período e deverá levar a uma revisão da projeção de crescimento que a pasta tem para o ano, atualmente em 3,3% para o ano, segundo nota divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
A avaliação da SPE é de que o desempenho do terceiro trimestre mostrou que a economia seguiu em “ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais”.
- Após o resultado, vários bancos elevaram suas projeções para o PIB do Brasil tanto em 2024 quanto em 2025.
Como o PIB afeta as perspectivas de juros
O aquecimento da atividade econômica é visto como sinal de pressões inflacionárias futuras, já que um maior ritmo de consumo e de dinheiro circulando na economia acaba tendo como efeito um aumento dos preços. Com isso, existe o risco de que o Banco Central olhe para esse dado como um sinal de que há espaço para altas mais expressivas de juros.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o resultado pode levar o BC a adotar uma resposta mais agressiva na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 10 e 11 de dezembro, com chance de uma alta de 0,75 ponto porcentual e até mesmo de 1 ponto porcentual na Selic.
Na avaliação da Capital Economics, o resultado deve aumentar a preocupação do Banco Central com o superaquecimento da economia e reforça a expectativa de aumento de 0,75 ponto porcentual na Selic na semana que vem, mas a consultoria também vê espaço para elevação ainda maior da taxa básica de juros.
Mirella Hirakawa, economista da Buysidebrazil, avalia que a atividade mais robusta “deve trazer atenção adicional para o BC, dados os riscos de uma transmissão dessa atividade mais dinâmica para a inflação”.