Presidente dos Estados Unidos disse que ‘promessas serão cumpridas’ e citou a redução dos impostos e redução do déficit
Donald Trump é eleito o 47º presidente dos Estados Unidos. Após uma disputa apertada, o republicano ganhou em estados chaves e, ao declarar a vitória nesta quarta-feira, 6, que o slogan de sua próxima gestão será “Promessas feitas serão cumpridas”. Além de políticas anti-imigração, o republicano também propõe corte de impostos e diminuição do déficit, questões que afetam não só a economia dos Estados Unidos, como de todo mundo.
O republicano prometeu que fará com que os Estados Unidos deem a “volta por cima”, com melhorias nos indicadores econômicos. “Eu não descansar até devolver uma América segura e próspera que merecemos. Essa
vai ser a era de ouro da América.” Nesta manhã, o índice DXY, o dólar frente
a moedas estrangeiras, sobe 1,8% por volta das 10h40 da manhã. No Brasil, o
dólar comercial abriu o dia acima dos R$ 5,80, em forte alta. O tema entrou
no topo da lista de assuntos mais pesquisados no Google Trends, com mais
de 2 milhões de buscas nesta quarta, 6. A alta perdeu força e virou para uma
queda ao longo do dia, com a proximidade da decisão sobre juros no país e a
expectativa pelo pacote fiscal do governo. Por volta das 16h, a moeda era
vendida a R$ 5,68.
As bolsas americanas também sobem, os rendimentos dos Treasuries se
valorizam e o bitcoin bateu os US$ 73 mil, atingindo um novo recorde.
A valorização dos indicadores mostra que os investidores esperam que o
segundo governo Trump seja muito parecido com o primeiro: um fluxo
constante de políticas (cortes de impostos, desregulamentação, tarifas) que
estimularão simultaneamente o crescimento econômico, os lucros
corporativos e a inflação.
“Trump propõe cortes de impostos para aquecer a economia, o que pode
gerar preocupações com a inflação e com a saúde fiscal dos Estados Unidos.
Além disso, Trump adota uma postura mais agressiva no comércio,
especialmente com a China e a Europa. Essa abordagem pode resultar em
uma guerra comercial que afeta negativamente tanto os Estados Unidos
quanto os países que dependem dessas economias, como o Brasil”, afirmou
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus.
Num ambiente mais vulnerável à inflação, o Federal Reserve (Fed), o Banco
Central americano, teria menos espaço para reduzir as taxas de juros.
Portanto, mais juros é igual a mais força para o dólar e mais pressão nos
rendimentos dos títulos de renda fixa dos EUA.
Impacto para o Brasil
O dólar em patamar mais elevado, em especial num momento que a moeda
oscila na entre os R$ 5,70 e R$ 5,80, aumenta a preocupação com a inflação,
já que as commodities são cotadas em dólar e influenciam os preços no país.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
se reúne para anunciar a decisão de juros. A expectativa é de aumento de 0,5
ponto da taxa Selic.
‘Uma vitória de Trump seria positiva para o dólar americano, especialmente
sob uma vitória completa dos republicanos, pois os investidores
imediatamente precificariam uma redução de impostos nos EUA, elevação
das taxas do Federal Reserve, maior protecionismo e riscos geopolíticos
elevados’, afirmou Matthew Ryan, Head de Estratégia de Mercado da
Ebury.
Volney Eyng, CEO da gestora Multiplike, disse que, apesar da volatilidade
dos mercados, a expectativa é que as mudanças reais serão limitadas. “As
decisões sobre a taxa de juros nos EUA dependerão principalmente do
controle da inflação. Se a inflação estiver sob controle, é provável que as taxas
diminuam para evitar uma recessão no próximo ano. No entanto, se a
inflação começar a subir novamente, especialmente em um cenário de
mercado de trabalho tenso e baixo desemprego, poderemos enfrentar
dificuldades que poderiam interromper a redução gradual das taxas. Para o
Brasil, uma interrupção na queda das taxas de juros nos EUA teria um
impacto negativo, especialmente com a pressão inflacionária próxima do teto
de 4,50%. Se as taxas forem mantidas nos EUA, isso pode limitar a
capacidade do Brasil de continuar aumentando a Selic de forma gradual,
obrigando uma elevação mais acentuada, como um aumento de 0,50%.
Portanto, os investidores devem prestar mais atenção às projeções
inflacionárias diárias e menos às incertezas eleitorais”, explicou o executivo.