Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) tiveram saídas líquidas de R$ 15,1 bilhões no primeiro trimestre, com movimento concentrado em um único fundo
A captação líquida dos fundos no primeiro trimestre deste ano tombou e ficou negativa em R$ 39,8 bilhões. O resultado ficou R$ 159 bilhões abaixo da captação líquida do primeiro trimestre de 2024, quando o montante havia sido positivo em R$ 119,2 bilhões. O resultado de janeiro a março deste ano é o segundo pior para o primeiro trimestre em cinco anos.
Em cinco anos, o resultado de captação líquida ficou abaixo dos valores de 2024, 2022 e 2021, superando apenas o ano de 2023. Os dados são do balanço de fundos de investimentos no primeiro trimestre divulgado nesta quinta-feira (10) pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
O recuo das captações foram em movimentos pulverizados, sem efeito de fundos específicos, diferente do FIDC, disse Pedro Rudge, diretor da ANBIMA, durante coletiva realizada na manhã desta quinta. Os Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) tiveram saídas líquidas de R$ 15,1 bilhões no primeiro trimestre, com movimento concentrado em um único fundo, no FIDC Agro, Indústria e Comércio.
Quem liderou as saídas no período foram os fundos de ações e de multimercados.
Por outro lado, o patrimônio líquido dos fundos cresceu 7,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, saindo de R$ 8,8 trilhões para R$ 9,4 trilhões.
Já o número de fundos cresceu 4,6% no comparativo do primeiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2025, com 31.153 ante 32.591 agora.
Renda fixa continua na liderança
Em meio à alta da Selic, a taxa básica de juros, os fundos de renda fixa continuam liderando entre as captações dos fundos de investimento no período. No entanto, a intensidade foi menor do que no primeiro trimestre do ano passado, com volumes recuando de R$ 134,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024 para R$ 43,2 bilhões este ano até março. O apetite permanece “ainda significando uma aversão à risco elevada”, avalia Rudge.
Entre os fundos de renda fixa de crédito privado, a maior parte da captação líquida em 12 meses até fevereiro veio dos fundos que têm em carteira entre 50% e 70% de crédito privado, seguidos por aqueles que têm entre 30% e 50%.
Na comparação anual, o crescimento dos fundos de renda fixa em crédito privado foi de 51,1%, com o segmento passando a representar 13% da indústria. Segundo Pedro, isso acontece em razão dos juros altos, que impulsionam a migração para este tipo de ativo.
No entanto, no cenário atual, apenas os fundos de renda fixa — fundo preferido atualmente —, de ações e de ETF têm segurado as pontas, já que foram os únicos três que ficaram no positivo. Os fundos de previdência, que no período do ano passado tiveram entradas líquidas positivas de R$ 11,5 bilhões, agora tiveram saída de R$ 2,9 bilhões. Veja abaixo:

De acordo com os dados divulgados hoje, o poder público foi o responsável pelo maior volume de aportes em 2025, totalizando R$ 62,5 bilhões. No entanto, os aportes “não estão sendo suficientes para resultar em um número positivo final”, disse Rudge. O período foi marcado por forte saída de investidores institucionais, Pessoa Física e PJ.
Dentro do segmento de ações, o melhor desempenho ficou com ações índice ativo. No entanto, o Ibovespa, principal índice da bolsa, superou todos os segmentos de fundos de ações no período.
E para 2025?
Rudge pontua que o cenário atual é de incerteza e que não dá para cravar como será o resultado dos fundos ao longo do ano.
“O cenário continua super incerto. Isso faz com que os produtos mais conservadores continuem bastante atraentes e é de se esperar que renda fixa continue atraindo recursos. Ainda está muito cedo para termos uma visão clara, até porque as coisas continuam acontecendo em uma velocidade muito rápida”, comenta ele.
A Anbima também disse que acompanha a questão dos gastos da população com apostas, inclusive para diferenciar as bets de investimentos, já que os valores utilizados nas apostas poderiam ser recursos a serem investidos.

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