Foi um total de US$ 11,1 bilhões em 12 operações, sendo mais da metade, US$ 6,4 bilhões, de companhias, US$ 2,3 bilhões de instituições financeiras e US$ 2,5 bilhões em emissões soberanas

As empresas brasileiras e o governo aproveitaram a janela favorável no primeiro trimestre e captaram no mercado externo o maior volume desde 2014, informou nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Foi um total de US$ 11,1 bilhões em 12 operações, sendo mais da metade, US$ 6,4 bilhões, de companhias, US$ 2,3 bilhões de instituições financeiras e US$ 2,5 bilhões em emissões soberanas.
No entanto, para Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, o bom resultado não deve se repetir no segundo trimestre, diante da turbulência causada pelo tarifaço adotado pelo governo Donald Trump, nos Estados Unidos. Segundo ele, houve uma freada brusca nas últimas duas semanas e até mesmo as empresas americanas que têm grau de investimento recorreram muito pouco ao mercado de capitais.
“Há ruído de recessão e forte movimento de venda de títulos do Tesouro americano”, pondera ele. “Até que o cenário se acalme, não me parece que haverá novas emissões no exterior, ainda mais com o mercado doméstico apresentando boa demanda e, apesar dos juros altos, prêmios de risco na mínima histórica.” De acordo com Maranhão, ainda não se vê impacto no mercado local.
César Mindof, diretor da Anbima, destaca que os fundos de crédito privado voltaram a captar neste início de ano, o que eleva a demanda por títulos. “Os fundos vão continuar precisando alocar esse capital que vêm recebendo e o mercado continuará robusto e funcional.” No entanto, diante dos recordes de 2024, ele afirma que não é possível dizer se ritmo será mantido até dezembro.
Pelos números da entidade, os fundos de investimento representaram 34,2% do volume das emissões subscrito no primeiro trimestre e os participantes ligados à operação, o que representa basicamente os bancos coordenadores, ficaram 57,3%. Maranhão explica que isso demonstra que as instituições financeiras estão entrando com garantia firme das captações e depois escoando os títulos no mercado secundário.
“Os números podem dar a impressão de que as ofertas acabam no balanço dos bancos, mas vemos o secundário cada vez mais ativo e esse crescimento tem viabilizado essa estratégia da garantia firme. O volume de debêntures negociado no mercado secundário cresceu 34,2% no primeiro trimestre e atingiu o patamar recorde de R$ 196,6 bilhões. “As pessoas físicas têm aumentado a participação no secundário também”, diz Maranhão.
Outro instrumento que chamou atenção nos primeiros três meses do ano foram as debêntures de securitização, com R$ 7,6 bilhões. São títulos usados para captação de funding por parte de, por exemplo, fintechs, com base em recebíveis securitizados. Outro instrumento de captação com base em recebíveis são os FIDCs, mas Mindof explica que, neste caso, é um veículo mais usado para valores menores.
Ainda conforme o balanço do primeiro trimestre divulgado nesta segunda-feira pela Anbima, os FIIs tiveram queda no volume de captações, de R$ 13,43 bilhões, em 87 emissões de janeiro a março de 2024, para R$ 6,88 bilhões, em 52 ofertas neste ano. “Com os juros altos, a indústria tem menos oportunidades para levantar recursos”, explica Maranhão. Já os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros), o representante da Anbima afirma que passaram pelas “dores do crescimento em 2024, mas têm tendência de recuperação neste ano”. O número de ofertas do segmento ficou estável em 11 operações e o volume cresceu de R$ 430 milhões para R$ 1,62 bilhão.

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