
O governo federal anunciou mudanças significativas no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV), especialmente na Faixa 3, voltada para famílias com renda entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil. A partir de agora, o financiamento de imóveis usados será limitado a 50% do valor total nas regiões Sul e Sudeste, enquanto no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a cota cairá para 70%. Antes dessa alteração, os percentuais eram de 70% e 80%, respectivamente. Além disso, o teto do valor do imóvel usado passível de financiamento pelo programa foi reduzido de R$ 350 mil para R$ 270 mil, alterando o perfil das unidades acessíveis aos beneficiários do MCMV. A justificativa para essas mudanças se baseia no crescimento acelerado do financiamento de imóveis usados nos últimos anos, o que, segundo o governo, pode comprometer os recursos disponíveis para a construção e aquisição de imóveis novos, setor que gera empregos e fortalece a economia.
Essas medidas foram detalhadas em uma portaria do Ministério das Cidades e entram em vigor imediatamente após a publicação no Diário Oficial da União. A decisão de restringir o financiamento de imóveis usados atende à demanda do setor da construção civil, que desde o final do ano passado vem solicitando ajustes no programa. O aumento expressivo da participação dos imóveis usados no MCMV preocupa tanto o governo quanto representantes do setor, que alegam que o investimento na produção de novas moradias impulsiona a arrecadação do FGTS e fomenta o mercado imobiliário.
Com a adoção dessas novas regras, a expectativa é que o percentual de imóveis usados financiados caia de 24% em 2024 para 19% até o final do ano e para 14% em 2025. O governo assegura, no entanto, que continuará disponibilizando recursos para financiamento de imóveis na planta, com um montante total de R$ 42,2 bilhões destinados ao apoio à produção de habitações.
Motivos para a restrição no financiamento de imóveis usados
O setor da construção civil tem argumentado que a priorização do financiamento de imóveis novos traz impactos positivos para a economia, gerando empregos e movimentando diversas cadeias produtivas, como a indústria de cimento, aço, madeira e acabamentos. Com a alta demanda de financiamentos, o governo optou por estabelecer critérios mais rígidos para os imóveis usados, buscando equilibrar a destinação dos recursos do FGTS.
Outro ponto central na decisão é o risco de escassez de recursos para novas contratações dentro do programa habitacional. O avanço das contratações de imóveis usados nos últimos anos reduziu a disponibilidade de crédito para novas construções, o que levou o governo a adotar medidas de controle. Dados do Ministério das Cidades indicam que, em 2022, a participação dos imóveis usados no MCMV era de apenas 7% do total de financiamentos. Em 2024, essa fatia saltou para 24%, um crescimento que motivou a necessidade de ajustes na política habitacional.
Além disso, a limitação busca evitar a valorização excessiva de imóveis usados dentro do programa. Com o aumento da procura por unidades já construídas, os preços poderiam subir, reduzindo a acessibilidade dos beneficiários do MCMV a essas moradias. Essa preocupação se reflete na redução do teto de financiamento de imóveis usados de R$ 350 mil para R$ 270 mil, um corte significativo que restringe as opções disponíveis no mercado para essa faixa de renda.
Impacto no mercado imobiliário e na economia
As novas diretrizes do programa habitacional devem impactar diretamente o mercado imobiliário, tanto no segmento de imóveis novos quanto no de usados. Enquanto o setor da construção civil se beneficia da maior destinação de recursos para novas moradias, o mercado de imóveis usados pode enfrentar desaquecimento, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a redução do financiamento foi mais drástica.
Especialistas apontam que a medida pode levar à necessidade de renegociação de preços no mercado de imóveis usados, já que a capacidade de financiamento dos compradores será reduzida. Isso pode beneficiar aqueles que buscam imóveis dentro do programa, uma vez que pode haver uma queda de preços em determinados segmentos. Por outro lado, a menor demanda por imóveis usados pode levar proprietários a optar por financiamentos fora do programa ou buscar outras alternativas de negociação.
Outra consequência esperada é o impacto nas construtoras e incorporadoras, que devem intensificar a oferta de novos empreendimentos voltados para o MCMV. Com a garantia de R$ 42,2 bilhões para produção habitacional, o setor terá incentivo para novos lançamentos, especialmente nas faixas de renda que mais dependem do financiamento subsidiado pelo programa.
Detalhes sobre as mudanças na faixa 3 do MCMV
- Redução do financiamento para imóveis usados nas regiões Sul e Sudeste de 70%-75% para 50%.
- Diminuição do teto do imóvel usado de R$ 350 mil para R$ 270 mil.
- Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o percentual de financiamento de usados caiu de 80% para 70%.
- Imóveis novos continuam sendo financiados sem mudanças, com um montante de R$ 42,2 bilhões para apoiar novas construções.
- A medida já está em vigor e valerá também para 2025.
Crescimento do programa e novas metas do governo
Desde o relançamento do Minha Casa, Minha Vida, o número de financiamentos vem crescendo significativamente. A meta inicial do governo era financiar 1,5 milhão de unidades habitacionais ao longo de quatro anos. No entanto, com o ritmo acelerado das contratações, apenas nos primeiros dois anos, o programa já atingiu dois terços desse objetivo, com aproximadamente 1 milhão de unidades financiadas até setembro.
Os dados revelam que a demanda pelo programa continua alta, especialmente entre as famílias de renda média. Para evitar que a alta procura comprometa os recursos disponíveis, o governo busca ajustar as regras, garantindo que mais pessoas possam ter acesso ao financiamento imobiliário dentro das condições estabelecidas.
Possíveis desdobramentos e ajustes futuros
Apesar das medidas adotadas, representantes do setor da construção avaliam que as restrições podem não ser suficientes para equilibrar completamente os recursos do programa. Algumas propostas indicam que o governo pode precisar realocar verbas de outras áreas financiadas pelo FGTS, como saneamento e infraestrutura urbana, para garantir o atendimento à demanda habitacional.
Outro aspecto que poderá ser revisto nos próximos meses é a política de reajuste dos valores de financiamento e dos tetos de renda para as faixas do programa. Como os preços dos imóveis variam de acordo com a inflação e a localização, é possível que ajustes sejam feitos para garantir que o programa continue acessível a um maior número de beneficiários.
Enquanto isso, compradores interessados em aderir ao Minha Casa, Minha Vida devem se preparar para as novas regras e buscar as melhores opções de financiamento. Com a restrição no financiamento de imóveis usados, as oportunidades para aquisição de imóveis novos dentro do programa podem se tornar mais vantajosas no médio e longo prazo.

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