Fitch Ratings – São Paulo – 06 Feb 2025: A Fitch Ratings atribuiu, pela primeira vez, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’ à Prio Forte S.A. (Prio Forte) e à sua proposta de quinta emissão de debêntures, no valor de BRL1,2 bilhão. A emissão proposta, da espécie quirografária e com garantia da PRIO S.A. (PRIO, IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Estrangeira e Local BB/Perspectiva Positiva e Rating Nacional de Longo Prazo AAA(bra)/Perspectiva Estável), será distribuída em duas séries, com vencimentos em 2030 e 2032, e os recursos serão utilizados para reforço do capital de giro e outras finalidades corporativas. A Perspectiva do rating corporativo da Prio Forte é Estável.
Ao mesmo tempo, a Fitch retirou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’, com Perspectiva Estável, da Petro Rio Jaguar Petróleo S.A. (Petro Rio Jaguar), uma vez que esta subsidiária foi incorporada à Prio Forte. A segunda e a terceira emissões de debêntures da Petro Rio Jaguar, classificadas com o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’, foram transferidas para a Prio Forte como sua terceira e quarta emissões, respectivamente.
O rating da Prio Forte reflete o perfil de crédito consolidado de sua controladora, a PRIO, com base nos fortes incentivos legais, operacionais e estratégicos que esta teria para lhe prover suporte, se necessário.
RETIRADAS DE RATING
O Rating Nacional de Longo Prazo da Petro Rio Jaguar foi retirado em razão da incorporação da empresa à Prio Forte.
PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DO RATING
Ratings Equalizados: O rating da Prio Forte reflete o perfil de crédito consolidado da PRIO, que garante as dívidas existentes da subsidiária e sua proposta de quinta emissão de debêntures. Essas garantias denotam forte incentivo legal de suporte por parte da PRIO, o que, por si só, já justifica a equalização dos ratings, de acordo com a Metodologia de Vínculo Entre Ratings de Controladoras e Subsidiárias da Fitch. No entanto, a Prio Forte também é a principal subsidiária da PRIO, e responde por quase 90% de sua produção total estimada até 2028. Ela concentra as participações nos campos de Albacora Leste (AL), Frade e Wahoo, as maiores concessões do grupo. A subsidiária possui o mesmo nome da holding e as decisões são centralizadas
Forte Geração de Caixa: A Fitch estima que a PRIO tenha gerado EBITDA de BRL10,2 bilhões no ano fiscal encerrado em 2024 e projeta BRL14,5 bilhões em 2025, com base no crescimento da produção e nos preços médios do petróleo Brent de USD80 barris de petróleo (bbl) e USD70/bbl, respectivamente. O cenário-base do rating considera que cerca de 75% do EBITDA se traduzirá em fluxo de caixa das operações (CFFO) ao longo de 2024-2026, em média. Os fluxos de caixa livre (FCFs) devem permanecer positivos, em torno de BRL6,2 bilhões em 2024-2026. O campo de Peregrino, adquirido em dezembro de 2024, é bem desenvolvido e deve demandar baixos investimentos, embora ofereça menor potencial de crescimento em comparação com aquisições anteriores.
Elevada Eficiência: A PRIO deve permanecer entre os produtores independentes mais eficientes do mundo, gerando fluxo de caixa operacional (FFO) próximo a USD40 por barril de óleo equivalente (boe) produzido. O custo de extração da empresa deve continuar se destacando em relação ao de seus pares, refletindo a expertise da PRIO como operadora e sua concentração de ativos na Bacia de Campos. A Fitch projeta custo de USD8,1/boe no ano fiscal encerrado em 2024, acima dos USD7,4/boe reportados em 2023, devido a interrupções na produção, e de USD8,2/boe em 2025. Em 2026, o custo deve diminuir para cerca de USD6,9/boe, à medida que a produção de AL e Peregrino aumenta.
Baixa Alavancagem: A PRIO apresenta histórico de reduzida alavancagem financeira, que deve permanecer ao longo dos próximos anos. A relação dívida líquida/EBITDA é estimada em 1,2 vez ao final de 2024, frente a 0,6 vez em setembro, após o pagamento de USD1,6 bilhão do saldo remanescente pela aquisição de Peregrino, que totalizou USD1,9 bilhão. O indicador deve retornar a menos de 1,0 vez em 2025 com o aumento da produção, mesmo diante da expectativa de que a companhia comece a pagar dividendos neste ano, equivalentes a 25% do lucro líquido.
Incertezas no Crescimento: A Fitch espera que a PRIO produza cerca de 154 mil boe/d em 2025, atingindo um pico de 175 mil boe/d em 2026, frente a 84 mil boe/d em 2024. Esses volumes dependem da obtenção de licenças para perfuração no campo de Wahoo e para o lançamento dos dutos de conexão à embarcação FPSO de Frade, além de aprovações ambientais para melhorias nos campos de Frade e Tubarão Martelo. As projeções da agência consideram que os quatro poços de Wahoo estarão operacionais até o final de 2025, adicionando cerca de 27kboe/d em 2025 e 40 kboe/d em 2026. O início das operações de Wahoo em 2025 e o crescimento do campo de AL devem mais do que compensar a depleção dos outros campos. O histórico da PRIO atenua os crescentes riscos de execução, à medida que a empresa avança em águas ultraprofundas em AL.
Flexibilidade nos Investimentos: A estrutura de custos competitiva da PRIO a torna resiliente à volatilidade de preços, enquanto sua robusta base de reservas e a propriedade dos FPSOs lhe proporcionam flexibilidade para ajustar os investimentos de acordo com os ciclos do mercado. A estratégia da companhia de vender diretamente para os clientes finais reduz os descontos de modo geral, mas pode resultar em alguma volatilidade nos preços, decorrente de riscos logísticos.
SENSIBILIDADE DOS RATINGS
Fatores Que Podem, Individual ou Coletivamente, Levar a Uma Ação de Rating Negativa/Rebaixamento:
Em relação à PRIO:
— Deterioração do perfil de liquidez;
— Índice dívida/EBITDA consistentemente acima de 3,0 vezes;
— Fortes interrupções operacionais nos principais ativos, que resultem em redução significativa da produção.
Fatores Que Podem, Individual ou Coletivamente, Levar a Uma Ação de Rating Positiva/Elevação:
Em relação aos IDRs da PRIO:
— Produção líquida próxima a 150 kboe/d em bases contínuas, mantendo a vida útil das reservas 1P de, pelo menos, dez anos e/ou reservas 1P próximas a 800 milhões de boe;
Em relação aos Ratings Nacionais de Longo Prazo da PRIO e da Prio Forte:
— Os ratings estão no patamar mais alto da escala nacional da Fitch; portanto, não podem ser elevados.
PRINCIPAIS PREMISSAS
— Preços médios do Brent de 2025 a 2027 (USD/bbl): 70, 65, 60;
— Primeira extração de petróleo de Wahoo no primeiro semestre de 2025;
— Produção média diária de 2025 a 2027 (kboe/d): 154; 175; 171;
— Vendas de petróleo considerando o desconto para Brent em torno de USD5,5/bbl;
— Custo de extração (lifting cost) de 2025 a 2027 (USD/boe): 8,2; 6,9; 7,0;
— Investimentos anuais em torno de BRL2,5 bilhões ao longo de 2025–2027;
— Pagamento de dividendos equivalentes a 25% do lucro líquido em 2025.
RESUMO DA ANÁLISE
A alta rentabilidade da PRIO é um importante fator de diferenciação frente à 3R Petroleum Óleo e Gás S.A. (Brava, IDRs BB- e Rating Nacional de Longo Prazo AA-(bra), todos com Perspectiva Estável) e às produtoras norte-americanas de petróleo da bacia terrestre do Permiano (Texas/Novo México), como a Matador Resources Company (Matador, IDR de Longo Prazo BB-/Perspectiva Positiva), a SM Energy Company (SM, IDR de Longo Prazo BB/Perspectiva Estável) e a Vermilion Energy Inc. (Vermilion, IDR de Longo Prazo BB-/Perspectiva Negativa).
A Brava e a Vermilion têm escalas de produção um pouco inferiores à da PRIO, com produção 1P média próxima a 95kboe/d e 85kboe/d, respectivamente, ao longo de 2024–2026. A Brava tem uma base de ativos mais ampla, com operações em seis bacias diferentes onshoree offshore, mas sua menor rentabilidade a torna menos resiliente do que a PRIO à volatilidade do mercado. A Fitch projeta custos de meio-ciclo da PRIO em torno de USD12/boe ao longo de 2024–2026, o que está bem abaixo das estimativas para a Brava (USD28/boe) e a Vermilion (USD23/boe) no mesmo período.
A aquisição do campo de Peregrino em dezembro de 2024 posiciona a PRIO perto da faixa de rating ‘bbb’ de produção (175 a 700 kboe/d), embora não em bases sustentáveis. A Matador e a SM operam campos terrestres dentro desta faixa, de 170kboe/d a 190kboe/d, mas com estruturas de custos ligeiramente mais elevadas do que a da PRIO, com custos médios de meio-ciclo estimados entre USD13/boe e USD15/boe entre 2024 e 2026.
Considerando royalties, impostos pagos com caixa, juros de dívida e outros custos, a PRIO deve gerar fluxo de caixa operacional em torno de USD37/boe produzido, conforme medido pelo FFO, acima das projeções para os outros dois pares (SM: USD26/boe ao longo de 2024–2026, em média; Matador: USD34/boe).
A PRIO também se compara favoravelmente com os pares norte-americanos em termos de vida útil de reservas 1P. A Fitch estima um intervalo de sete a nove anos ao longo de 2024–2026, em média, para Matador, SM e Vermilion e de 12 anos para a PRIO em 2025–2026 (mesmo patamar estimado para a Brava).
O perfil financeiro da PRIO se compara favoravelmente com os da Brava, da Matador e da SM. A Fitch projeta índices de alavancagem/EBITDA próximos a 1,5 vez para estes pares ao longo de 2024–2026, em média, acima do índice de 0,6 vez estimado para a PRIO.
Referências para Fontes Altamente Relevantes Citadas entre os Principais Fundamentos dos Ratings
As principais fontes de informação utilizadas na análise estão descritas nas Metodologias Aplicadas listadas abaixo.
LIQUIDEZ E ESTRUTURA DA DÍVIDA
A Fitch espera que, ao longo de 2025, a PRIO reduza substancialmente os vencimentos de dívida previstos para 2026, que totalizam BRL8,1 bilhões, incluindo as notas com garantias (BRL3,3 bilhões). A confortável vida útil das reservas e a elevada eficiência operacional da companhia devem continuar sustentando seu forte acesso à captação nos mercados doméstico e internacional para rolar a dívida. Em setembro de 2024, a dívida da PRIO totalizava BRL16,4 bilhões e era composta, principalmente, por empréstimos bancários (41%), debêntures (36%), notas (19%) e contas a pagar de fusões e aquisições (5%). O caixa pro forma,de BRL2,5 bilhões após a aquisição do campo de Peregrino, era suficiente para cobrir, no período, a dívida de curto prazo de BRL1,1 bilhão e arrendamentos de curto prazo de BRL304 milhões.
PERFIL DO EMISSOR
A Prio Forte é a principal subsidiária da PRIO, produtora de petróleo e gás sem acionista controlador, que atua na operação e no desenvolvimento de campos offshoremaduros no Brasil.
INFORMAÇÕES REGULATÓRIAS:
A presente publicação é um relatório de classificação de risco de crédito, para fins de atendimento ao artigo 16 da Resolução CVM nº 9/20.
As informações utilizadas nesta análise são provenientes da PRIO S.A..
A Fitch adota todas as medidas necessárias para que as informações utilizadas na classificação de risco de crédito sejam suficientes e provenientes de fontes confiáveis, incluindo, quando apropriado, fontes de terceiros. No entanto, a Fitch não realiza serviços de auditoria e não pode realizar, em todos os casos, verificação ou confirmação independente das informações recebidas.
Histórico dos Ratings:
Data na qual a classificação em escala nacional foi emitida pela primeira vez: 6 de fevereiro de 2025.
A classificação de risco foi comunicada à entidade avaliada ou a partes a ela relacionadas, e o rating atribuído não foi alterado em virtude desta comunicação.
Os ratings atribuídos pela Fitch são revisados, pelo menos, anualmente.
A Fitch publica a lista de conflitos de interesse reais e potenciais no Anexo X do Formulário de Referência, disponível em www.fitchratings.com/brasil
Para informações sobre possíveis alterações na classificação de risco de crédito veja o item: Sensibilidade dos Ratings.
Informações adicionais estão disponíveis em ‘www.fitchratings.com‘ e em ‘www.fitchratings.com/site/brasil‘.