Taxa Selic, em 11,25% ao ano, deve subir 0,75 ponto
Pressionado pela alta do dólar e do preço dos alimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide hoje em quanto elevará a taxa básica de juros, a Selic. A reunião será a última sob o comando de Roberto Campos Neto no BC. Em janeiro, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, assume a Presidência da autoridade monetária.
Essa será a terceira elevação consecutiva da Selic. Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve subir 0,75 ponto percentual nesta reunião, para 12% ao ano.
No comunicado da última reunião, no início de novembro, o Copom informou que a incerteza nos EUA se ampliou. Sem citar diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o texto mencionou “a conjuntura econômica incerta nos EUA, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”. Em relação ao cenário doméstico, o Copom informou que está acompanhando a política fiscal e cobrou ajustes dos gastos públicos.
Na ata da reunião mais recente, o Copom alertou para o prolongamento do ciclo de alta da Selic. O órgão informou que o cenário econômico exige uma política monetária contracionista e não descartou um aumento no ritmo de alta dos juros. Os membros do colegiado afirmaram que todos concordaram em iniciar o ciclo de alta de forma gradual, principalmente pelo contexto de incertezas domésticas e externas.
Segundo o último Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2024 subiu de 4,71% há quatro semanas para 4,84%. Isso representa inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
Nos últimos meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos e os serviços têm puxado a inflação. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,87% em 12 meses, acima das estimativas do Boletim Focus e superando o teto da meta para 2024.
Para 2024, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4,31%, mas a estimativa foi divulgada antes da alta recente do dólar e do impacto da seca. O próximo relatório será divulgado no fim de dezembro.
Já de acordo com Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, “o aumento de, pelo menos, 0,75% carrega vantagens importantes já que sinalizaria firmeza e comprometimento do Banco Central com a estabilidade de preços, um fator crucial para mitigar os efeitos negativos da recente depreciação cambial e das pressões inflacionárias decorrentes do pacote fiscal anunciado pelo governo. Por outro lado a decisão de acelerar o ritmo de alta dos juros também traz desafios, pois um aumento mais agressivo pode intensificar o impacto recessivo na economia, dificultando a retomada de setores sensíveis ao crédito. De qualquer forma, embora esse aumento represente um esforço equilibrado entre contenção da inflação e manutenção da credibilidade do Banco Central, a gestão de expectativas futuras será o ponto central. Caso o Copom escolha essa elevação, será fundamental que o comunicado enfatize que este ritmo é suficiente para o momento, evitando especulações sobre movimentos mais intensos nas próximas reuniões, principalmente em um momento de troca de Presidência.”
Com informações da Agência Brasil
Fonte: https://monitormercantil.com.br/copom-decide-nesta-quarta-em-quanto-elevara-juros-basicos/